Sufrágio

30 de out. de 2011

Uma Aparição.


Não podemos saber neste mundo com certeza e nem é necessário saber como é  e o que é o fogo do Purgatório. O que sabemos é que a Sagrada Escritura muitas vezes nos fala do fogo para nos dar a entender que seremos castigados e expiaremos nossas faltas nos rigores da divina justiça para nos purificarmos e sermos dignos de entrar no céu. Si o fogo desta vida criada por Deus para nos servir já é terrível, que não será o fogo da Divina Justiça?
O fato seguinte é narrado pelo piedoso Monsenhor De Segur.
Em 1870, diz o piedoso prelado, eu vi e toquei em Foligmno, perto de Assis, na Itália, uma destas terríveis provas de fogo pela quais as almas do Purgatório, por permissão de Deus, às vezes atestam que o fogo do Purgatório é um fogo real. Em 1859 morreu de uma apoplexia fulminante a boa Irmã Teresa Gesta, que durante longos anos foi mestra de Noviças. Doze dias depois, em 16 de Novembro, uma Irmã, chamada Ana Felícia, subia à rouparia quando ouviu um angustioso e triste gemido: - Jesus! Maria! que é isto?  exclamou assustada a Irmã. Não havia acabado de falar, quando ouviu uma queixa: Ai Meu Deus! Meu Deus! Quanto sofro! Irmã Ana reconheceu logo a voz da defunta Irmã Teresa. Um cheiro sufocante de fumaça encheu toda a rouparia e percebeu-se o vulto da Irmã Teresa que se dirigia para a porta e tocava na mesma com a mão direita, dizendo: Aqui fica a prova da misericórdia de Deus. E na madeira da porta ficou carbonizada e impressa a mão da defunta, que desapareceu. Irmã Ana por-se a gritar numa grande excitação nervosa. A comunidade correu para a acudir e sentia-se um cheiro sufocante de fumaça. A Irmã conta o que se passa e reconhecem todas, na mão pequenina gravada no portal, a mão da Irmã Teresa, que se distinguia muito pela sua pequenez e delicadeza. As irmãs, comovida, vão ao coro e oram pela defunta. Passam a noite em oração e penitências em sufrágio da saudosa mestra de noviças. No dia seguinte oferecem a Santa Comunhão por aquela alma. Mais um dia se passa e Irmã Ana Felícia ouve e vê depois Irmã Teresa radiante de glória toda bela, que lhe diz com doce voz: - "Vou para a glória! Sede fortes e corajosas na luta, fortes em carregar a cruz!" E desapareceu numa luz brilhantíssima.
Este fato portentoso é narrado por Monsenhor de Segur, que visitou o Convento das Terceiras Regulares Franciscanas daquela cidade, foi submetido a um rigoroso processo ordenado pelo Bispo de Foligmno em 23 de Novembro de 1859.

23 de out. de 2011

A vida Eterna é advertência eficaz quando nos assaltam as tentações.


Estando S. Paulo em Cesareia, o procurador romano, Félix, mandou-o chamar para ouvir a sua doutrina. Todo o poderio do império romano estava representado no procurador; e diante dele, rodeado de soldado, o Apóstolo prisioneiro. No entanto, diz-nos a Sagrada Escritura que ao falar S. Paulo da justiça, da castidade e do juízo futuro, Félix tremeu de medo ( Act. dos Ap. 24,25.) A fé na vida de além-túmulo, a consciência de ter que dar contas um dia, faz tremer não só ao procurador romano, mas a todos os homens. Oxalá pensássemos muitas vezes nesta verdade, principalmente quando as tentações nos incitam a pecar.
Houve em Paris um chefe de policia que lutou de modo curioso e eficaz contra os borrachos que cambaleavam aos berros pelas ruas. Mandou simplesmente filma-los quando se encontravam naquele estado. Depois de recuperarem o estado normal. fazia projetar diante deles aquelas cenas. O assombro era enorme. Cada movimento e cada gesto descomposto, feito nas horas de embriagues, constituía uma forte repreensão; envergonhava-os a abjecção espantosa a que o vicio os condenara.
Também vai perpassando pelo mundo um filme gigantesco , a omnisciência de Deus. Nele se vão gravando todas as nossas palavras, ações, desejos, planos, todos os nossos segredos.....
Ai! que vergonha, no dia do juízo,quando se desenrolar este filme, e vejamos, como a mente iluminada pela luz eterna, o que praticamos na embriagues da vida terrena.
Infelizmente, aos homens não lhe agrada este pensamento. As preocupações terrenas absorvem-nos de todo. No dia do juízo há de lhes suceder o mesmo que ao celebre arqueólogo que andava explorando regiões do Nilo. Quis passar numa barca para a outra margem do rio, e enquanto o barqueiro remava, o sábio começou com ele a seguinte conversa:
- Sabes a língua sanscrista ? - Perguntou ao barqueiro.
- Não sei, não senhor.
- Conheces as estrelas?
- Não,senhor.
- Estudaste,a historia desta terra?
-Não, senhor,não estudei.
- Homem! exclamou o sábio, perdeste metade da tua vida.
De repente principiou a soprar um vento forte, e as ondas encrespadas fizeram voltar a barca.
- Senhor, grita o barqueiro, sabe nadar?
- Não sei.
- Então perdeu a vida inteira.
O barqueiro chegou à outra margem mas o sábio afogou-se!....
De quantas coisas se preocupam tantos homens neste mundo, e só descuram a vida eterna! Quantas coisas supérfluas vão aprendendo durante a vida, e só se esquecem de aprender a nadar para quando sobrevier o furação do juízo final!
Seja para nós a fé na vida eterna uma advertência continua!

Texto tirado do livro A vida eterna
autor Bispo Húngaro Tihamer Tóth.



15 de out. de 2011

Devoçõ as Almas do Purgatório.

Autoridade irrecusável de Santa Teresa nos ensina quanto esta devoção é agradável a Deus, e com que impaciência (se assim é permitido falar) Ele se digna desejar ardentemente a libertação das almas do purgatório, cuja cuidado, contudo, entrega á nossa caridade. No livro das Fundações nos diz ela que D. Bernardino de Mendoza lhe deu uma casa, um jardim e uma vinha para estabelecer um convento em Valladolid. Dois meses depois desta doação, antes desta concluída a fundação, este homem caiu subitamente doente e perdeu o uso da fala, de sorte que se não poude confessar, dando todavia sinais não equívocos de contrição. " Não tardou a morrer, diz Santa Teresa, longe do lugar onde eu estava nessa ocasião. Mas Nosso Senhor me falou e me fez saber que aquele homem se salvara (conquanto houvesse corrido grande risco de se não salvar), pois a misericordia de Deus abaixara sobre ele, por causa dos donativos que fizera ao convento da Santíssima Virgem; todavia, sua alma não sairia do purgatório antes de se dizer a primeira missa na nova casa. Senti tão profundamente os sofrimentos desta alma, que não obstante o meu grande desejo de concluir no mais curto prazo possível a fundação de Toledo, suspendi logo esta, para trabalhar na de Valladolid. Um dia que eu estava em oração em Medina del Campo, Nosso Senhor me disse que me apressasse, pois que a alma de Mendoza estava sendo pasto dos mais pungente sofrimentos. Pus-me logo a caminho, embora não estivesse preparada para isso, e cheguei a Valladolid no dia da festa de S. Lourenço. Santa Teresa continua sua narrativa e nos diz que depois de haver recebido a sagrada comunhão, á primeira missa que foi celebrada na nova casa, a alma do seu benfeitor lhe apareceu radiante, e em seguida a viu entrar no ceú. Ela não esperava que tal sucesso coroasse seus pios esforços, como ela própria observa, "pois, diz ela, conquanto me houvesse sido revelado que o livramento desta alma se seguiria á primeira missa, pensava eu que isto devia significar a primeira missa em que o Santíssimo Sacramento fosse encerrado no tabernáculo." Poderíamos multiplicar quase até ao infinito as revelações dos Santos, que provam o favor com que Nosso Senhor acolhe uma devoção, que tão de perto toca os seus mais caros interesses.

Santa Teresa D'Ávila, rogai por nós!.

12 de out. de 2011

Nossa Senhora Aparecida.

                                           


                                           Senhora Aparecida! excelsa Padroeira!
                                           Pérola única achada em água brasileira!

A excelsa Padroeira do Brasil.  Um antigo manuscrito que se guarda no arquivo da Basílica, assim nos descreve o encontro da Sagrada Imagem: " No ano de 1719 pouco mais ou menos, passando por esta vila de Guaratinguetá para as Minas o Governador delas e de S. Paulo, o conde de Assumar, Dom Pedro de Almeida, foram notificados pela Câmara os pescadores, para apresentarem todo o peixe que pudessem haver para o dito Governador. Entre muitos foram a pescar Domingos Garcia, João Alves e Filipe Pedroso, em suas canoas. E principiando a lançar suas redes no porto de José Correia Leite, continuaram até o porto de Itaguassú distante bastante, sem tirar peixe algum. Lançando João Alves a sua rede de arrasto neste porto tirou o Corpo da Senhora sem cabeça; e, lançando mais abaixo outra vez a rede, tirou a cabeça da mesma Senhora, não se sabendo nunca quem ali a lançara. Guardou o pescador esta imagem em um pano.  Continuando a pescaria e não tendo até então tomado peixe algum, dali por diante foi tão copiosa a pescaria em poucos lanços, que receosos os companheiros de naufragarem pelo muito peixe que tinham nas canoas, retiraram-se a suas vivendas, admirados deste sucesso. Felipe Pedroso conservou esta imagem seis anos em sua casa, perto de Lourenço de Sá; e passando para a ponte Alta, ali a conservou em sua casa nove anos. Passou depois a morar em Itaguassú, e ali deu a Imagem a seu filho Atanásio Pedroso, o qual fez um oratório e colocou a Senhora, em um altar de madeira onde todos os sábados se reunia a vizinhança a cantar o terço e mais devoções. Em uma dessas ocasiões se apagaram repentinamente duas velas que alumiavam Nossa Senhora estando a noite serena; e querendo logo Silvana da Rocha acender as luzes apagadas, também se viram elas acesas, sem intervir diligência alguma. Foi este o primeiro prodígio.... Casos semelhantes se deram repetidas vezes, de modo que a fama se foi dilatando e chegou ao conhecimento do então Vigário de Guaratinguetá, Padre José Alves de Vilela. Este e outros devotos lhe edificaram uma cabelinha e quando demolida esta, no lugar em que hoje está, construíram outra maior com fervor dos devotos, cujas esmolas a puseram no estado em que no presente está..... Os prodígios desta imagem foram autenticados por testemunhas"......
Com a crescente piedade e confiança dos fiéis, também a boníssima Virgem multiplicou os benefícios em favor de seus devotos. E assim aconteceu que o culto da SSma. Virgem sob o título de Nossa Senhora Aparecida se espalhou pouco a pouco por todo Brasil. Os Papas aumentaram a devoção local pela concessão de muitas indulgências plenárias.  O santo Padre Leão XIII deu licença para ser celebrar a festa da SSma. Virgem sob o título de Nossa Senhora Aparecida. Por ocasião do XXV. ano da definição do dogma da Imaculada Conceição no dia 8 de dezembro, por decreto do Capítulo da Venerável Basílica do Vaticano, colocou o Bispo de S. Paulo, presentes o Núncio Apostólico, muitos Senhores Bispos e uma imensa multidão do clero e povo, uma coroa de ouro na cabeça da Sagrada Imagem. O Santo Padre Pio XI. finalmente dignou-se aprovar o Oficio e a Missa próprios da mesma SSma. Virgem. 
No XXV. aniversário depois da solene coroação, vieram muitos Bispos de diferentes dioceses do Brasil à cidade de Aparecida e celebrou-se o jubileu na presença de numeroso clero e povo. Nessa ocasião exprimiu-se o desejo comum de que fosse declarada a Virgem da Aparecida, Padroeira principal de todo o Brasil. O Santo Padre Pio XI recebeu com benevolencia este pedido e no dia 16 de Julho de 1930, consultada a Sagr. Congregação dos Ritos, foi a SSma. Virgem sob o mencionado título, declarada Padroeira principal do Brasil. A Sagrada Imagem foi transportada com solene pompa e sob as palmas dos fiéis e chuvas de flores para a cidade do Rio de Janeiro e levada em procissão pelas ruas e praças da cidade.Um enorme multidão de clero e povo aplaudiu e acompanhou a imagem e perto de 40 Bispo e Prelados em suas vestes pontificais aumentaram o esplendor e alegria com sua presença. Numa imensa praça, na presença do Senhor Presidente da República, de muitos altos funcionários e militares, pronunciou o Senhor Cardeal Arcebispo do Rio de Janeiro, entre hinos e pregações, a formula da Consagração de todo o Brasil à Virgem Santíssima como sua Padroeira, e benzeu solenemente o povo delirante de alegria. Pouco depois, foi a Sagrada Imagem reconduzida à sua cidade e colocada na Basílica, de onde a Mãe de Deus continua a espalhar graças e bênçãos sobre seu filhos.





Nossa Senhora Aparecida Padroeira do Brasil, Rogai por nós e pelos falecidos!

Viva Nossa Senhora Aparecida!
Vivas! Vivas! Vivas!

9 de out. de 2011

A Fé na Vida Eterna dá-nos força no meio das Tentações.


A crença na vida eterna não assinala somente um fim sublime à vida terrena; infunde-lhe, ao mesmo tempo,força contra as tentações que procuram desviar-nos do nosso fim eterno.
Jesus Cristo apela com frequência para o pensamento profundo da vida eterna, para nos dar animo para maiores sacrifícios.
Sacrifica tudo para alcançar a vida eterna!
- Tal é a recomendação do divino Mestre. Ainda que tenhas que sacrificar o teu olho ou a tua mão na luta. Fomes, prisões, sofrimentos e o próprio martírio, nada importam neste mundo se alcançamos a vida eterna. É o pregão que parte da cruz: Lutar até a morte, sem se render!
A vida eterna não é a sorte grande da mega sena que nos saia por acaso. Temos de lutar para a alcançarmos. É verdade tão clara que não necessita de explicações. " Peleja valorosamente pela fé e conquista a vida eterna" "guarda este mandamento sem mancha". Assim escreve S. Paulo a Timóteo. Guarda os mandamentos! Porque é tão belo e tranquilizador ser bom! Algumas vezes bastará este pensamento. Mas ai! - outras, e serão muitas, vemos acometidos por tentações tão fortes que nada poderá valer-nos, a não ser a fé na vida eterna e o temor de a perdermos para sempre.
Em certa ocasião um pai de família falava com os amigos. A conserva, em voz cada vez mais alta e animada, enveredava por este tema delicado:
- Eu não creio nem no céu, nem no inferno - dizia o pai.
A mulher, em voz muita baixa, apontando-lhe um pequenito que brincava a um canto, diz-lhe:
-Não fales assim, pelo menos diante do nosso filho.
O pai replicou com superioridade:
- Não compreende o que dizemos! E dirigindo-se ao menino perguntou-lhe: - Ouve, compreendeste o que disse?
Os olhos do filho brilharam de satisfação, e respondeu :
- Sim, compreendi.
- Então que disse eu?
- Que não é preciso ser bom.
Quanta razão tinha aquela criança! Quem deterá aos nossos rapazes, - se é que alguma coisa os pode deter, - no caminho da perdição e da baixeza, se não for o pensamento da vida eterna?  Ao que se afundou no pecado, e resvalou pelo despenhadeiro, que é o que primeiro o move?  A fé na vida eterna. Que é o que dá força para cumprir o dever quando os outros cedem?  Que é que nos comunica a força na luta que mantemos para guardarmos a nossa integridade moral, mesmo no meio da pobreza, quando bastaria talvez fechar os olhos para medrar consideravelmente neste mundo?  Que é que nos dar força para o trabalho honrado, quando ganharíamos muito mais pelo caminho das fraudes?  A fé na vida eterna.  

(Texto tirado do livro A vida eterna autor Bispo hungaro Tihamer Tóth ) 1952.

7 de out. de 2011

O Santo Rosário.


O Rosário é um tesouro dos mortos também. Um dia, São Domingos pregava sobre a eficácia do Rosário em favor das almas sofredoras. Era nas planícies do Languedoc. Um homem incrédulo zombou do Santo. Naquela noite teve uma misteriosa visão. Via as almas se precipitarem nos abismos do purgatório e Maria Santíssima, com uma cadeia de ouro, as tirava do abismo e as punha em terra firme. Era uma imagem do Rosário, cadeia de ouro pela qual Nossa Senhora arranca do purgatório as pobres almas sofredoras.   Quantos prodígios faz o Rosário em favor dos seus devotos na vida, na morte e depois da morte, no purgatório! Além do mais, o Rosário é um tesouro de muitas indulgências, que podemos aplicar em sufrágio das pobres almas. Vamos rezá-lo sempre, nas horas vagas, pelas estradas, em toda parte, não percamos o tempo. Aproveitemos para rezar muitos rosários pelas pobres almas. Temos tantos parentes e amigos e tantas almas queridas no purgatório! Vamos aliviá-las com nosso rosário bendito!

(Texto tirado do livro Socorramos as pobres almas do purgatório) Mons. Ascânio Brandão (1953 /1954)

Hoje dia de Nossa Senhora do Rosário.
Viva Nossa Senhora do Rosário! Vivas ! Vivas!
Nossa Senhora do Rosário!
Rogai por nós! e pelos falecidos!

2 de out. de 2011

Energia para a Vida é a Fé na Vida Eterna.


O Cristianismo, ao propor-nos este fim tão sublime, transforma a nossa vida terrena. O filósofo grego Zenão perguntou uma vez ao óraculo, que devia fazer para levar uma vida virtuosa. A resposta constava só destas palavras : - "Pergunta-o aos mortos".
Realmente, quem costuma interrogar os mortos,
- o que em linguagem cristã significa pensar na vida eterna, - vê com uma luz completamente distinta toda a vida terrena e todos os seus acontecimentos. Sub specie aeternitatis, esse homem avalia todas as coisas " à luz da eternidade". Sobre todos os seus pensamentos e desejos, sopra vento da eternidade que os enobrece e os sublima. Durante toda a vida, o verdadeiro cristão procura guarda os mandamentos da lei de Deus e da Igreja. Ele sabe muito que o ouvir missa, a frequência dos sacramentos, a oração, o jejum e a penitencia aproveitam para a vida eterna. Também ele trabalha muito para ganhar o sustento de cada dia, e para melhorar a sua situação neste mundo. Mas no meio das suas canseiras não se esquece das palavras do Senhor: " De que serve ao homem ganhar todo o mundo, se vem a perder a sua alma ?  ".
Também ele procura assegurar-se uma existência desafogada. Mas quando o assalta a tentação de enriquecer injustamente, recorda-se das palavras do Senhor: "Insensato, esta mesma noite hão de exigir de ti a entrega da tua alma. Para quem serão os bens que armazenaste?  " .
Numa palavra, quem pensa com seriedade na vida eterna, quem não se limita a acreditar nela, mas faz descer esta crença até ao coração, ajuizá de toda a sua vida terrena e vive-a à luz da eternidade. Ainda que apoia ambos os pés na realidade, - porque tem de viver neste mundo e não no outro, - contudo o coração palpita-lhe sempre para o Céu, o rosto levanta-se-lhe para as estrelas, e pronuncia muitas vezes aquelas palavras reconfortantes: " Toda esta pobre vida terrena para alcançar a coroa eterna!"  A vida eterna bem merece que dedique toda a vida terrena para a alcançar.  Mas, realmente, merecerá a vida eterna tantos esforços, tanta mortificação?  
Oh! mil vezes mais ainda!
De fato, que é a vida eterna?  Empregamos uma expressão cujo conteúdo nos escapa: - Por todos os séculos dos séculos. Dizemos-la todos os dias, mas não somos capazes de abranger o seu significado. Neste mundo, estamos mergulhados no espaço e no tempo. No outro não há espaço nem tempo; mão há matéria, o tempo não consta de minutos e segundos. Não existe passado nem futuro - tudo é presente. Não existe ontem nem amanhã - somente hoje. Não existe manhã nem tarde - só meio-dia. Só lá o oceano não tem praias, nem a linha fim!
Para nos representarmos a eternidade de um modo intuitivo, o melhor seria empregar um círculo em vez de uma linha. Uma linha, por maior que seja, sempre terá fim. O círculo, pelo contrário, não tem fim; cada um dos seus pontos é princípio e fim ao mesmo tempo. Recordemos as belas palavras de Santo Agostinho: " Vós, pobres, que vos falta, se tendes a Deus?  Vós, ricos, que tendes, se vos falta a Deus?  " Só assim podemos compreender aquela frase de Gardony: " Se tens a Deus, tens tudo; mas se não tens a Deus, não tens, nem terás nunca absolutamente nada". Só então se realizarão os anseios da prova de Berzsenyi: "Prostro-me com fervor ante o teu acatamento, ó meu Deus! Quando minha alma se libertar destas peias e conseguir aproximar-se mais se ti, só então verá realizados os seus anseios".
Ah! realmente a vida eterna bem merece que empregue toda esta pobre vida terrena para a alcançar. 
" Toda a pobre vida terrena, para alcançar a coroa da eternidade!".