A Má Educação dos Filhos
Quantos pais se perdem e perdem a seus filhos porque não os
educam no temor e
amor de Deus, não cumprindo os cinco deveres principais que
lhes impõe a paternidade, o amor, a correção, a instrução, a vigilância e o bom
exemplo.
Má pais que não amam os filhos como devem amá-los. Certos
homens não merecem o belo título de pais. Desperdiçam no jogo, na bebida, na
devassidão o dinheiro que ganham, deixando faltar aos filhos o estrito
necessário. Pais monstruosos, piores que os irracionais, que sabem passar fome
para dar de comer a seus filhos. Há mães que amam aos filhos, mas só a parte
material, o corpo. Quanto à alma, pouco ou nada se ocupam dela. Adiam o batismo
semanas e meses, deixando o filho entregue a Satanás e em perigo de morrer
pagão. Quantas almas perdidas e quantas outras estragadas para sempre. Quanto
mais Satanás se demora no coração do filho, mais o estraga. Toda a preocupação,
todos os cuidados para com o corpo, até o luxo, até as modas mais indecentes, e
quase nada para a alma.
Que será daquela filha a quem a mãe procura inspirar só
vaidade, a quem fala só de beleza, a quem enfeita como uma divindade? Será uma
moça vaidosa, orgulhosa. Ai do moço que a tomar por esposa, porque será uma
esposa leviana, exigente, cuja paixão do luxo nada poderá satisfazer. Será
daqui a pouco a desavença, a suspeita, a briga, o abandono, a ruína do lar.
Quantos pais, quantas mães mormente perdem a si mesmos porque
não cumprem o dever da correção. O homem nasce inclinado ao vício, diz a
Escritura. No coração da criança madrugam os maus instintos. Bem cedo é preciso
reprimi-los, corrigir os filhos, dai a pouco será tarde, impossível.
Como corrigir? A força de gritos e descomposturas? Isso só
serve para ensinar tudo quanto há de palavras feias. A força de pancadas? Isso
avilta e embrutece. Em primeiro lugar é preciso avisar: — “Meu filho, não faças
isso, não andes em tal companhia, não convém, não pode ser, não consinto.” — Às vezes este aviso será
suficiente. Em caso de reincidência na mesma falta, é necessário repreender
energicamente e ameaçar e, enfim, no caso de nova reincidência, castigar
severamente.
Até quando os pais têm obrigação de corrigir os filhos? Não
se esqueçam que, enquanto filhos, não há grandes, nem velhos, não há filhos de
barba branca. O filho, enquanto tiver filho, sempre será pai, e ai do pai que
não avisa, repreende e corrige seu filho, e ai do filho que não atende às
justas recomendações de seu pai.
Cedo também deve começar a instrução, porque tudo depende do
começo, tudo depende pois, principalmente, da mãe. Feliz, mil vezes feliz quem
teve uma mãe cristã e piedosa. Tal a mãe de S. Luís, rei da França. Tendo nos
braços seu filhinho, dizia: “Meu filho, eu te amo muito, mas tu tens no céu um
Pai, uma Mãe que te amam ainda mais; cuidado, não faças nada que possa
ofendê-los, não cometas pecado. Antes quisera ver-te agora mesmo morrer em meus
braços, que ver-te mais tarde, rei da França, cometer um só pecado mortal.”
Mãe, o coração dessa criança, vosso filho, é um papel branco em que podeis
escrever o que quiserdes. Gravai nele ódio ao pecado, amor a Deus, devoção a
Maria Santíssima.
Ensinai e mandai ensinar-lhe o catecismo. É uma obrigação
gravíssima. A mãe que não manda seu filho ao catecismo, onde é possível, é
indigna de absolvição. Meninos e meninas de dez, doze anos, moços e moças que
nunca apreenderam uma palavra de catecismo, nada sabem de religião e de suas
obrigações, e por isso não se confessam, não comungam, vivem no pecado, é o que
encontramos todos os dias. Os culpados são os pais. Quantas moças põem o pé no
inferno no dia em que casam, porque assumem uma obrigação que são incapazes de
cumprir, ensinar aos filhos a amarem e servirem a Deus. Que responsabilidade e
como poderão salvar-se? Perdem a si e a seus filhos.
Mandai vossos filhos à escola, para que aprendam pelo menos
a ler e escrever. Depois do pecado a coisa mais triste e funesta é a
ignorância. Mas, cuidado! Vede bem que escola, que colégio, que mestres. Há
escolas e colégios sem religião. Dali sairão vossos filhos sem fé e sem
costumes. Não faltam as escolas e os colégios católicos. Vigilância neste
ponto.
Vigilância em todos os sentidos. O maior bem que os pais
possam deixar a seus filhos não são muitas riquezas, terras, dinheiro, mas a
inocência e os bons costumes. Por isso seu grande empenho deve ser
conservar-lhes este tesouro. Tarefa difícil em um mundo em que tudo é
escândalo. Só uma grande vigilância. Os pais devem trazer os filhos presos
debaixo de seus olhos. Sem esta sentinela de vista não escapam à corrupção.
Vigilância, pais e mães, que vossos filhos não vejam nunca nada, nem em casa
nem fora de casa, nem de dia nem de noite, nada capaz de ofender a inocência.
Mas quantos pais, diz um santo, têm mais cuidado com seus animais, suas
criações, que com seus filhos! Quantos pais deixam seus filhos andarem aonde e
com quem querem, quantas mães deixam meninos e meninas brincarem longe de seus
olhos. Quantas crianças saem de casa inocentes e voltam culpados; quantos moços
e moças acham sua perdição em noites de festas, de volta por estradas escuras e
desertas! Quantos desastres! Pais e mães, onde andam vossos filhos e filhas,
que casa, que pessoas, que divertimentos frequentam? Examinai vossa
consciência, condenai-vos, antes que Deus a examine e vos condene.
Se é um grande pecado dos pais não afastarem os filhos do
pecado, é um crime enorme levá-los ao pecado pelo mau exemplo. Tal pai, tal
filho; tal mãe, tal filha. Filho de peixe sabe nadar, diz o adágio. Nada mais
eficazmente funesto que o mau exemplo dos pais. Os pais não rezam, o pai não se
confessa, a mãe não vai à Missa aos domingos, os filhos hão de fatalmente
imitar seu procedimento. Por que rezar? — disse um dia uma menina à sua
professora — eu nunca vejo papai nem mamãe rezarem. Que dizer dos pais que
oferecem aos filhos o espetáculo positivo do vício e do pecado, pais que se
embriagam, brigam, blasfemam; certas mães cuja vida é o pecado... os filhos o
sabem e se envergonham, o que não os impedirá de, mais tarde, trilharem o mesmo
caminho.
“Ai do homem, disse Jesus Cristo, que dá escândalo, isso é,
dá mau exemplo”; por conseguinte, mil vezes ai dos pais que escandalizam seus
filhos: “seria melhor lhes
amarrar ao pescoço uma pedra e serem lançados ao mar.”
“Maldito seja meu pai, disse um condenado à morte, à hora de
subir ao cadafalso, a ele é que devo a minha desgraça; nunca me ensinou meus
deveres para com Deus e os homens, deixou-me frequentar más companhias, deu-me
em tudo o mau exemplo.” Faz horror pensar que no inferno muitos filhos
amaldiçoam aos pais e muitos pais aos filhos, porque foram uns para outros
causadores de sua condenação.
Pais e mães, amai a vossos filhos com amor cristão,
educai-os no amor e temor de Deus, afastai-os do mal e dai-lhes em tudo o bom
exemplo, e vossos filhos vos darão gosto, neste mundo serão vossa consolação e
no outro vossa coroa.
Nossa, infelizmente tenho visto bastante isso. Muitos pais que não têm paciência e atenção com seus filhos.
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